segunda-feira, 12 de março de 2012

Bout



        Bout (4:55), do canadense Malcolm Sutherland, é um curta unusual, meio que diferente, não só pelo tipo de desenho, mas também pelo próprio som que nele é empregue. Começa com o suar de um sino, que nos impõe um misto de curiosidade e amargura, e parece preparar-nos os nervos para a luta que se segue entre dois seres (parecem praticantes de MMA ou de Wrestling) misteriosos, apoiados por uma plateia expectante e enérgica, vestida de uma idolatria e tensão enormes; tensão essa que vai aumentando no decorrer do embate entre duros golpes e braços arrancados e mais tarde pés e pedaços do corpo.

        No final, como que tudo se desvanece e a luta dá lugar à vibração dos espectadores...

        A película mostra, inequivocamente, esse nosso lado mais animal, sedento de briga e de sangue, o nosso lado conflituoso, sempre espreitando vencer pela força e a subjugação do adversário. Bout é acerca de nós, da nossa alienação da realidade, como se fôramos instrumentos, meras marionetas às quais uma entidade (divina, física ou até estatal) dá ordens de comando e desvia as atenções.

        A luta é aquilo que querem para nós, a escolha que para nós fizeram, o enredo, o jogo em que nos envolvem...

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